Higiene bucal: prática relevante na prevenção de pneumonia hospitalar em pacientes em estado crítico
SILVEIRA I. R. ; MAIA F. O. M. ; GNATTA J. R. ; LACERDA R. A. Higiene bucal: prática relevante na prevenção de pneumonia hospitalar em pacientes em estado crítico, Acta paul. enferm. vol.23 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2010
“higiene bucal para pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não categorizam tal prática como recomendação baseada em fortes evidências(1). Vários estudos vêm determinando, a higiene bucal, como uma medida significativa para reduzir a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM)Tradicionalmente, a higiene bucal compõe a higiene corporal como um todo e constitui um dos mais importantes cuidados de enfermagem. Assim, faz-se necessária a divulgação e atualização sobre a temática, a fim de oferecer maior capacitação durante a assistência aos pacientes.”(P2)
“A microbiota da cavidade bucal é composta por mais de 300 espécies de bactérias que, sob condições normais(14), mantêm-se em equilíbrio e podem servir como um reservatório persistente de bactérias orais e respiratórias(15). Mas, podem sofrer interferências de fatores relacionados aos hospedeiros, como: interações físico-químicas entre enzimas e micro-organismos, redução de saliva e de imunoglobulinas, níveis elevados das enzimas proteases e neuraminidases associadas a uma higiene bucal precária e gengivites, promovendo a colonização por bactérias Gram-negativas. A placa dental é composta basicamente por bactérias anaeróbias e filamentos que aderem às superfícies dentais, gengivas, língua, interior da própria cavidade bucal e próteses dentárias. As bactérias aeróbias não são frequentes nas placas, sendo mais encontradas nas superfícies supragengivais. Pacientes em estado crítico apresentam elevados níveis da protease, a que remove das superfícies dos dentes uma substância protetora denominada fibronectina (glicoproteína inibidora da aderência de bacilos Gram-negativos à orofaringe). A perda dessa substância reduz o mecanismo de defesa intermediado pelas células reticuloendoteliais(14), facilitando a fixação dos Gram-negativos e alterando a microbiota normal, inclusive com a presença de Pseudomonas aeruginosa nas células epiteliais faríngeas e orais.”(P4)
“As vias respiratórias inferiores podem ser colonizadas por micro-aspiração ou aspiração de secreções provenientes da orofaringe, inalação de aerossóis com micro-organismos viáveis ou via hematogênica(16). Destacam-se a broncoaspiração e a formação de placa dental, como fatores importantes para o desenvolvimento de pneumonia, pois a traqueia e os pulmões podem ser colonizados por micro-organismos contidos nas secreções e placa dental(14-15,18). A aspiração de secreções ocorre, em cerca de 45% dos casos, durante o sono de pessoas saudáveis, podendo chegar a 100% nas seguintes situações: sono profundo, etilistas, pacientes com nível de consciência rebaixado, intubação endotraqueal, sonda nasogástrica e posição supina(16,19). Além disso, a placa dental atua como um reservatório, facilitando a colonização por micro-organismos produtores de enzimas capazes de alterar a superfície da cavidade bucal, permitindo a adesão de micro-organismos predominantemente respiratórios(15). Uma higiene bucal inadequada e/ou ausência de remoção mecânica da placa dental predispõe a colonização por bact”(P.6)
“A revisão das práticas preventivas é essencial para a redução de pneumonias em pacientes em estado crítico, assim a higiene bucal com antisséptico, bem como a remoção da placa dental assume um importante papel ao reduzir a carga microbiana. O cuidado com a saúde bucal vai além do conforto, devem ser adotadas técnicas e produtos diferenciados, o que exige do enfermeiro conhecimento teórico e prático. A avaliação da cavidade bucal deve incluir na prescrição de enfermagem a modalidade mais apropriada para o paciente, considerando a condição clínica, risco de sangramento, lesões na cavidade bucal, abertura da boca, nível de sedação e de consciência, presença ou não de dentes, de cânulas e sondas. Os enfermeiros devem elaborar protocolos que possam ser exeqüíveis e promoverem treinamentos para as demais categorias de enfermagem, além de avaliarem, posteriormente, a adesão a essas recomendações.”(P.11)
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002010000500018&lang=pt
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